Há mais de uma década, quase duas, assito a tentativa frustrada das grandes emissoras nacionais de TV, copiando as estrangeiras, ao produzir e revelar um nome de destaque que "transcenda" todos os limites e seja sucesso em todo o Brasil, em todos tempos... a maioria destes "ídolos" morre na praia e desaparece com a mesma velocidade com que surgiu.
No SBT de Silvio Santos, produziram os programas Ídolos, Astros, Cantando no SBT, Festival Sertanejo, Máquina da Fama, entre outros... na TV Record, tomaram o Ídolos do SBT e o produziram por alguns anos, e ainda, editaram um Ídolos infantil e outro Gospel... na poderosa TV Globo, surgiu há 15 anos o programa Fama, depois o Superstar, e já há alguns anos o The Voice Brasil, com extensão para o recente The Voice Kids.
Não nego que já assisti alguns destes programas, mas não os acompanho com frequência e muitas vezes nem assisto até o final, pois muitos destes realitys de música, são previsíveis demais... gosto de ver quem surge nas primeira etapas, as de seleção, pois ali aparecem verdadeiras vozes, e que muitas vezes passam desapercebidas pelos "jurados" e que nem sequer terão a chance brilhar nas etapas seguintes... com exceção do Programa do Raul, de propriedade do produtor e apresentador de TV Raul Gil, que sempre se prestou ao papel de grande divulgador da Música Brasileira, independente de estilo, os outros, para mim, não passam de meros programas tentando produzir uma "super estrela" e gerar grandes receitas para as mídias atuais.
Por isso não passo das fases de seleção ao assistir estes programas, pois me irrita ver a incapacidade dos "jurados" em avaliar e escolher um bom cantor, uma boa cantora, uma boa voz, uma boa interpretação... estes "jurados" não passam de "seres mortais", muitas vezes caprichosos demais, e que se deixam levar pela possibilidade de sucesso da voz de acordo com o estilo musical escolhido, sempre "puxando a sardinha para o seu lado".
O resultado final, na maioria destes programas, será sempre uma bela voz com corpinho jovem, marcante, de destaque, e com preferência para os estilos musicais que mais faturam no país e que estão mais presentes nas grandes mídias nacionais... pouquíssimas, ou nenhuma vez, um candidato ou candidata que projetasse a boa Música Brasileira seria escolhido como grande vencedor num destes programas, e pior, se não tiver dentro do "estereótipo" estabelecido previamente.
Uma edição em especial do The Voice Brasil, de 2015, me deixou muito decepcionado, pois duas vozes que chegaram nas primeiras etapas eliminatórias, e que tinham muita capacidade de estarem presentes nas finais foram rejeitadas de forma incompreensível, digo até injusta... falo de Tabatha Fher e Lorena Lye, duas jovens cantoras, belíssimas vozes, donas de ótimos repertórios, e com muita chance de serem "The Voice", e inexplicavelmente, foram rejeitadas em etapa secundárias... acompanho a carreira destas duas meninas já há algum tempo, à distância, já publiquei artigos sobre elas no antigo Blog Mosca na Sopa, na extinta plataforma Blogorama, e sei o que digo... não culpo Lulu, Carlinhos, Claudia e Teló e todos os que já foram jurados deste programa, embora veja que às vezes eles pisem no "tomate amolecido"... penso que o problema está no formato destes realitys, e na verdadeira intenção de seus diretores e produtores, que esperam mais que uma grande voz, esperam uma máquina de fazer dinheiro e sucesso...
Tabatha Fher
Lorena Ly
Tabatha Fher
Lorena Ly
...e aí pergunto, se quem estiver lendo este texto achar que o que digo não tem sentido... onde estão os "superstars", os "ídolos", os "the voices" e os "astros" que foram contemplados como vencedores destes programas?
Eu mesmo respondo, passaram-se um ou dois anos, e foram esquecidos, largados, abandonados, não só pelas mídias que os premiaram, mas também pelo público que os escolheu, poucos continuam a fazer sucesso, e isso porque não são tão bons como se achou que eram, ou se eram, faltou-lhes a base, ou seja, a matéria prima que lhes sustente a carreira, faltou-lhes conhecer e cantar muito bem a boa Música Brasileira, simples assim.
Conheço centenas de nomes que hoje fazem sucesso, que não dependem da grande e poderosa mídia televisiva e audiofonica, e que se destacam por todo o Brasil, sem precisar ser laureados como "ídolos ou the voices", e que apresentam seu trabalho com muita capacidade, seja autoral, ou mesmo, interpretando músicas alheias.
O que as grandes emissoras não enxergam, ou não querem enxergar, é que precisamos voltar aos tempos de produções dos grandes FESTIVAIS DE MÚSICA... a BOA MÚSICA BRASILEIRA está se entupindo de material muito pobre, sem nenhuma qualidade cultural, música feita apenas para rebolar e empinar o bumbum... os grandes Festivais dos anos 60, 70 e 80 foram os berços de grandes sucessos musicais que persistem até os dias atuais, além de destacar nomes que até hoje permanecem vivos em nossa memória.
O próprio Boni, homem forte das organizações Globo, depois de aposentar-se, chegou a dizer para um entrevistador de outra emissora, que estes realitys musicais não são mais o ideal para a TV dos dias atuais, e que todos deveriam investir em grandes festivais de música.
O próprio Boni, homem forte das organizações Globo, depois de aposentar-se, chegou a dizer para um entrevistador de outra emissora, que estes realitys musicais não são mais o ideal para a TV dos dias atuais, e que todos deveriam investir em grandes festivais de música.
Festivais musicais como o FIC(Festival Internacional da Canção) da TV Rio e TV Globo, que aconteceu anualmente entre 1966 e 1972, o Festival de MPB da TV Excelsior e TV Record, entre 1964 e 1969, e depois o Festival Abertura, o MPB 80, o MPB Shell, o Festival dos Festivais, todos entre os anos de 1970 e 1990... todos estes, entre muitos outros, foram verdadeiros berços de muita música boa e de qualidade... porque não investir nisso, e dar a chance para que a Música Brasileira se reconstrua e não fique mais à mercê da "música de massa" e se torne apenas algo repetitivo e sem nenhuma qualidade cultural e musical, como tem acontecido em estilos como o axé, sertanejo, pagode, funk, etc e etc?
Escrito por Elson, em 31/12/2016 e revisado em 01/02/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quem não pode atacar o argumento, ataca o argumentador." Paul Valéry