terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O inglês que encantou os brasileiros, e ficou, para o nosso bem !








 Trecho do DVD-CD-Bluray, Outra Vez(ao vivo no estúdio), do cantor, músico e compositor Ritchie, de 2005, em que ele interpreta seu grande sucesso dos anos 80, "A vida tem dessas coisas".

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O inglês, Ritchie







Em 1972, Richard David Court, desembarcou na cidade de São Paulo a convite de Rita Lee, Liminha, entre outros... Rita e Liminha eram integrantes da lendária banda brasileira Mutantes, e estavam em Londres para comprar instrumentos musicais quando conheceram Richard, flautista da banda Everyone Involved, durante as gravações do LP de protesto Either/Or, junto com outras bandas que contestavam a construção de um viaduto sobre Picadilly Circus, em West End.






Ritchie, Rita Lee, Sandra Werneck e Lucia Turnbull, em 1972, na Inglaterra




Richard David Court, nascido em 1952, em Beckenham, no condado de Kent, Sul da Inglaterra, hoje é grande conhecido do público brasileiro... apresento-vos o músico, cantor e compositor Ritchie, radicado no Brasil desde 1972 e dono de extensa obra musical e de grande sucesso! 








Na capital paulista, Ritchie formou a banda Scaladácida com o baterista Azael Rodrigues, o guitarrista Fabio Gasparini e o baixista Sérgio Kaffa. O grupo fez vários shows na cidade e foi sondado pela gravadora Continental, porém Ritchie ainda não tinha o visto de permanência no Brasil e o contrato não pode ser assinado. Scaladácida terminou suas atividades no final de 1973 e Ritchie se mudou para o Rio de Janeiro.


Na capital fluminense, Ritchie deu aulas de inglês para músicos como Egberto Gismonti, Paulo Moura e Gal Costa e integrou o grupo de jazz-rock Soma como backing vocal e flautista.





A Barca do Sol





Em 1975, Ritchie reforça os quadros da banda A Barca do Sol como flautista, grupo então composto por Nando Carneiro (violão, guitarra e vocal), Muri Costa (violão, viola e vocal), Jaques Morelenbaum (celo, violino e vocal), Beto Rezende (viola e percussão) e Alain Pierre (baixo e percussão).


“Em determinado momento, sugeri que eu cantasse em vez de tocar flauta e fui prontamente despedido da banda!”, confessou Ricthie em seu site oficial, justificando sua saída do grupo A Barca do Sol.





O Vímana - Ritchie com Lulu Santos, Lobão, Luiz Simas e Fernando Gama





Ainda em 1975, Ritchie juntou-se à segunda escalação do grupo progressivo Vímana e assumiu, finalmente, os microfones para cantar em inglês. A banda, formada por Lobão (bateria), Luiz Simas (teclados), Lulu Santos (guitarra) e Fernando Gama (baixo), participou da peça musical A Feiticeira, de Marília Pêra, e fez shows principalmente no Museu de Arte Moderna, no Teatro Galeria e no Teatro Tereza Rachel, todos no Rio.








Um compacto simples, lançado em 1977 pela Som Livre, trazia as músicas “Zebra” e “Masquerade” (esta com letra em inglês, do Ritchie). No ano seguinte, passaram a tocar como banda de apoio do tecladista suíço Patrick Moraz, ex-Yes, banda reconhecida internacionalmente como progressiva. Depois de alguns atritos com Patrick Moraz, Lulu Santos deixou a banda para seguir carreira solo. O Vímana ainda segurou o fôlego até 1978, quando seus integrantes encerraram os ensaios e desfizeram o grupo.








Em 1980, Ritchie recebeu o convite do baterista britânico Jim Capaldi, da banda Traffic, para regressar a Londres e participar da gravação de seu álbum solo, Let the Thunder Cry, como vocalista e arranjador.








De volta ao Brasil em 1982, Ritchie procurou o poeta e compositor carioca Bernardo Vilhena, letrista do Vímana, para compor seu primeiro trabalho solo, cantado somente em português. Liminha, naquele momento era produtor da Warner, e ajudou a gravar em 4 canais a demo de "Menina veneno". As vendas do compacto simples pela gravadora CBS, lançado em fevereiro de 1983 com "Menina veneno" e "Baby, meu bem", ultrapassaram as 500 mil cópias, um marco na história do mercado fonográfico brasileiro.








Porém, o sucesso chegou mesmo com o LP Vôo do Coração, também pela CBS, em junho de 1983. Um milhão e duzentas mil cópias do álbum evaporaram das lojas, grande sucesso de vendas. As canções deste disco, "Menina veneno", "A vida tem dessas coisa", "Casanova", "Pelo interfone" e a própria faixa-título "Vôo do coração" estouraram nas rádios FMs de todo o Brasil, garantindo um longo sucesso de Ritchie. 








Além de Ritchie, na voz, nos teclados e flauta, o disco contou ainda com os músicos Lulu Santos, Liminha e Steve Hackett nas guitarras, com Lauro Salazar no piano e nos sintetizadores, com Liminha no baixo, com Lobão na bateria, Zé Luis no sax e Chico Batera na percussão. A turnê de divulgação do álbum circulou por mais de 140 cidades.








Em 1984, Ritchie ganhou o Troféu Imprensa na categoria Cantor do Ano, onde concorria com Roberto Carlos e Tim Maia. Nesse mesmo ano, lançou ainda o LP E a vida continua, tambem pela CBS, com parcerias com Bernardo Vilhena, Steve Hackett, Chris Moore, Lobão e Liminha, que inclusive, foi o produtor do disco... deste LP saiu a canção "Só pra o vento", trilha sonora da novela da Globo, A gata comeu.


A partir de 1985, Ritchie interessou-se pela música eletrônica e à produção de arquivos MIDI de ritmos brasileiros para uso digital. Nesse ano, engatou seu terceiro disco solo, Circular, o último pela CBS.








Em 1986, a música “Transas”, de Nico Resende e de Paulinho Lima, tecladista e empresário de Ritchie, respectivamente, tornou-se tema da novela Roda de Fogo, da TV Globo. O compacto foi premiado com o Troféu Villa Lobos, por ter sido o mais vendido do ano.


A partir de então seu sucesso já não foi o mesmo dos anos anteriores e passaram bem longe do sucesso de seu primeiro disco. Informações que não tem fonte confirmada, dizem que segundo o próprio Ritchie, um dos fatores que explicam sua queda de popularidade, foi um desentendimento que teve em 1984, com Leleco Barbosa, filho de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, em 1984.










"Não pude fazer um dos shows que os artistas que apareciam no programa do Chacrinha faziam pelo subúrbio do Rio. O Leleco me baniu do programa ... Senti que eu era carta marcada para sair de cena. Incomodou muito o fato de um estrangeiro ser eleito cantor do ano. Estavam começando a falar que o Ritchie vendia mais discos do que o Roberto Carlos. Com o Plano Collor decidi sair mesmo", segundo o próprio Ritchie teria declarado ao Jornal da Tarde em 2002.








Ainda em 1984, Ritchie foi convidado por Caetano Veloso para gravar com ele em seu disco Velô a canção de sua autoria "Shy Moon", uma balada totalmente cantada em inglês... o dueto de Caetano e Ritchie em "Shy Moon" foi sucesso por todo o Brasil, tocando repetidas vezes nas melhores FMs do país.

Mesmo com a carreira solo pendurada, Ritchie integrou a banda Tigres de Bengala , ao lado de Cláudio Zoli, Vinícius Cantuária, Mu & Dadi(da banda A Cor do Som) e Billi Forghieri, da Blitz.

O grupo lançou um álbum homônimo em 1993, pela Polygram. E em 1995, Ritchie cantou juntamente com Paula Toller, da banda Kid Abelha a música "Como eu quero" no Jazzmania.









Cada vez mais interessado por computadores e menos à vontade com a indústria musical no país, Ritchie se tornou websound designer e assinou a criação e a implantação de softwares de áudio em sites como o da Usina do Som, o do portal international Yahoo!Digital, o da página do poeta Carlos Drummond de Andrade e do site de Lulu Santos, este último indicado entre os melhores sites de música pelo iBest em 1997.








Em 2002 Ritchie gravou o álbum Auto-fidelidade, pela gravadora Deck Disc e revelou parcerias com Erasmo Carlos, Bernardo Vilhena, Nelson Motta, Ronaldo Bastos e Alvin L. São 14 faixas (5 cantadas em inglês) em que a crença pop do artista se mostrou intacta, apesar da instrumentação e dos arranjos revelarem a evolução estética pela qual Ritchie passou. Um excelente disco!









Em 2005, Ritchie participou do bem sucedido DVD, "Multishow Anos 80 Ao Vivo", junto de outros artistas de sua época áurea, e fez muitos shows Brasil afora com Léo Jaime, Leoni, Kid Vinil, Nasi, entre outros.










Em 2008, Ritchie fundou seu próprio selo e gravadora, a PopSongs, e lançou, em julho de 2009, o CD, DVD e Bluray independente, Outra Vez (ao vivo no estúdio), com regravações de seus maiores sucessos, além de duas inéditas, a faixa-título, "Outra Vez", em parceria com Arnaldo Antunes e "Cidade Tatuada", com letra de Fausto Nilo. 







Em 2012, comemorando 60 anos de idade e 30 de carreira solo, Ritchie lançou seu primeiro álbum como interprete, totalmente cantado em inglês, intitulado "60". Nesse disco, o cantor interpreta canções da década de 60, mas que não ficaram tão conhecidas pelo grande público.






Ritchie vive no Rio de Janeiro e é casado há mais de 30 anos com a arquiteta e estilista Leda Zuccarelli com quem tem duas filhas, Mary e Lynn.




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"Shy Moon"





  Trecho do DVD-CD-Bluray, Outra Vez(ao vivo no estúdio), de 2005, de Ritchie, em que o cantor interpreta a canção "Shy Moon", composição de Caetano Veloso, gravada no disco Velô em 1984, em dueto com o cantor inglês e que foi grande sucesso dos anos 80.




A letra com tradução


Shy Moon(Caetano Veloso)


Shy moon, hiding in the haze


I can see your white face


Hope you can hear my tune, shy moon


Why didn't you stop her


Don't you know I suffer?


And you'll watch me cry soon, shy moon


Glow through the pollution


Find me a solution


I'll wait on the high dune


Shy moon




"Tímida lua"


Tímida lua, escondida numa nuvem de poeira


Eu posso ver sua face branca


Espero que você possa ouvir minha musica, acanhada lua


Por que não pode detê-la


Você não sabe que eu sofro?


E você vai me assistir chorar daqui a pouco, tímida lua


Brilhe por entre a poluição


Encontre para mim, a solução


Eu esperarei no alto de uma duna


tímida lua

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"Quem não pode atacar o argumento, ataca o argumentador." Paul Valéry